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Bate-papo com Celso Stefano

É com grande prazer que apresentamos uma entrevista exclusiva com Celso Stefano, um talentoso ator da agência de atores Emplacar Você, no nosso blog. Vamos descobrir mais sobre sua jornada, suas inspirações e o que o motiva a continuar brilhando nos palcos e nas telas. Nesta entrevista, ele compartilha suas experiências e desafios.

Conte um pouco do Celso. O que gosta de fazer quando não está atuando?

Gosto um pouco de tudo, amo maratonar séries, ir ao cinema, assistir animes, jogo videogame e leio bastante. Quando meus amigos me cobram muita vida social, aí vou em barzinhos, baladas ou viajo para algum lugar novo. Sou muito caseiro, gosto de ter um dia para não fazer nada, ficar na cama de pijama só reabastecendo a energia. 

Como aconteceu o teatro na sua vida? Como e quando começa sua história com a arte?

Uma amiga minha, quando eu tinha 18 anos em 2010, ouviu sobre um curso de teatro na minha cidade, um ponto de cultura iniciado através de lei de incentivo. Fui para acompanhar ela, gostei do curso mas faltava bastante e não dava muita importância, minha primeira apresentação foi da peça “Bailei na curva” de Júlio Conte. Eu iniciava a peça colocando somente minha cabeça fora da cortina, a primeira vez que iniciei a peça, lembro de colocar a cabeça fora da cortina e encarar a plateia que estava me encarando de volta, senti uma sensação que não dá para explicar, mas sabia que nunca mais eu iria conseguir viver sem sentir aquilo outra vez. Desse dia em diante, tudo o que faço é secundário, eu nasci para atuar e essa sempre vai ser.

 O que mudou na sua vida e rotina quando decidiu viver deste universo? Precisou abrir mão ou interromper alguma coisa?

Eu morava numa cidade pequena, Mogi-Guaçu/SP, lá na época só tinha teatro na escola municipal e no ponto de cultura da Cia. Parafernalha que foi o meu berço teatral. Tive uma trajetória linda nessa companhia, chegando a atuar com minhas diretoras em projetos de leis de incentivo. Eu já tinha decidido que seria ator, porém eu precisava de uma bagagem que a cidade não poderia me oferecer. Vesti uma mochila nas costa, sem um real no bolso e vim tentar a sorte em Sorocaba/Sp onde eu sabia que tinha algumas agências de atores e modelos precisando de funcionários. (era o mais próximo de teste que eu conseguiria estar naquele momento) Acho lindo ver atores conquistando várias coisas com ajuda da família, mas eu não tive essa sorte, minha família sempre me ajudou muito em acreditar nos meus sonhos e me apoiarem, mas financeiro eu tinha que trabalhar em vários lugares como garçom para ter o básico, morar em repúblicas e dividir quarto. Eu ganhei muita experiência vivendo assim, mas foi muita renúncia e coragem para começar a ter uma formação maior como ator. Em 2015 iniciei minha formação no “Conservatório Dramático e Musical de Tatuí” em artes cênicas, durante 3 anos, eu acordava às 6 da manhã e voltava pra casa às 00:30 de segunda a sexta. Foi bem puxado na época, mas se precisar faço tudo outra vez.  

Cada papel é um recomeço. Um novo preparo, um novo estudo, um mergulho em uma nova identidade. Como é para você viver esse processo e como encara cada novo projeto?

Eu gosto de conhecer a história primeiro como espectador, sem pensar a primeiro momento em como vou fazer aquele papel, gosto de sentir e tentar entregar como ator o que eu senti conhecendo a história. Para cada personagem que eu pego, compro um caderno e gosto de anotar as minhas falas, alterar na medida do possível para o meu modo de comunicação ou jeito que eu enxergo o personagem, vou anotando tudo em uma grande bagunça que só eu entendo. Gravo audios para ouvir minha entonação e como sou mais visual do que auditivo, tento buscar referências na internet para ir compondo. Sou um ator que adora ensaios, então gosto de ir preparado com propostas e no ensaio vou moldando aos olhos dos diretores. No final de cada trabalho, gosto de desapegar tudo que construí para abrir espaço pro novo.  

Considera importante que o artista se recicle?  

A magia da cena é que cada trabalho é uma composição nova e cada composição depende de um preparo. Se eu não me reciclar, sempre vou compor a mesma coisa, muitos chamam de identidade do ator, mas não quero ser um ator de uma característica só de atuação. Eu sou apaixonado por atores que assistindo eu esqueço até do nome verdadeiro do artista.

 Do seu primeiro trabalho para cá, como enxerga a sua evolução?

Sempre preferi o mocinho, o bonzinho, o protagonista que perde tudo e depois traz reviravoltas. No meu segundo ano de teatro, minha diretora disse que enquanto estivesse me dirigindo, nunca me daria um desses personagens, pois eles sempre trazem a mesma bagagem. Os “vilões”, por outro lado, sempre possuem uma energia diferente. Fui então obrigado a aceitar outros papeis e a defender as trajetórias deles. No cinema, li o livro “O Poder do Ator”, de Ivana Chubbuck. Neste livro, aprendi que cada personagem, seja ele bem-intencionado ou não, tem motivações que fazem sentido para eles. Por exemplo, um garoto não quer assassinar os pais; ele quer acabar com a dor da rejeição ou da prisão emocional que está sentindo. Mesmo que moralmente seja errado, ao considerarmos que ele apenas busca aliviar sua própria dor, levamos o personagem a uma camada mais profunda, não o retratando apenas como alguém que cometeu um assassinato, você entende?

Tudo isso para dizer que, ao longo desses anos de carreira, aprendi a buscar desafios reais de interpretação, que me deixam de cabelo em pé com a forma de realizar tal personagem. Tudo isso vem dos treinamentos e orientações artísticas. Minha maior evolução como ator ocorreu na maneira de pensar e lidar com cada personagem que recebo. Eu aprendo muito com cada personagem também, sou muito ansioso, as vezes meu estilo de vida é desesperado para fazer e entregar as coisas muito rápido e meus primeiros papeis como ator era tranquilo ter como base essa característica, Até que numa peça chamada “El edificio” baseado nas obras de Will Eisner me deram um personagem extremamente diferente, pacato, lento, com um tempo totalmente diferente. (um personagem sem graça nenhuma rs) e foi levando muita bronca do diretor que virou uma chave na minha cabeça, tive que abandonar muita coisa para viver esse personagem e do “sem graça” esse papel se tornou um dos mais importantes para minha trajetória. 

Como é participar da Cia “Os Companheiros Teatro”?

Um dos maiores desafios como ator desde que vim para uma cidade sem conhecer ninguém, foi construir arte sozinho. Eu sei que sozinho não damos conta, então tive o privilégio de me formar no ‘‘Conservatório dramático e musical de Tatuí” em artes cênicas e conhecer meu parceiro de cena Jee México, com ele, no final o curso, montamos a Cia, colocando em prática todos nossos anseios como atores, experimentando e dividindo modos de se fazer arte. 

“Os Companheiros” é um grupo com liberdade criativa, não nos prendemos a estruturas convencionais do teatro, queremos fazer, seja uma peça com nossos palhaços “Digo e o Dado”, ou uma minissérie no youtube, ou espetáculo sem fala,  trabalhando a expressão corporal. 

É muito bom quando você é convidado para compor o elenco de uma peça ou filme, mas ser companheiro é estar em casa, e poder compor a história que nós mesmos criamos e isso é mágico.

Consegue escolher o que mais gosta de fazer entre teatro, cinema e TV? De que forma enxerga essas três práticas na sua vida e como conciliar tantas atividades?

Eu amo teatro, meu berço na atuação, mas o cinema me ganha de uma forma incontrolável. Quando gravei a serie “Carcereiros’’ na Globoplay, foi meu primeiro trabalho profissional no cinema, e uma das cenas era a morte de todos os presidiários numa rebelião, estávamos às 3:00h da madrugada, no pátio de uma prisão de verdade com alguns barris pegando fogo, figuração  espalhada pelo set inteiro com machucados e sangue falsos, estava  muito frio, barulho de cela batendo e etc… A cena estava acontecendo e eu estava tão imerso a tudo que quando o diretor finalizou a cena, eu chorei feito uma criança, pois tinha certeza que tinha sido uma cena fantástica. A série demorou quase um ano e meio pra sair, quando eu assisti a primeira vez e vi essa cena, eu chorei de novo kkkkk. Estava impecável,  uma cena linda e eu estava lá, fazendo parte de tudo aquilo. O teatro tem o frescor do momento, tudo acontece ali e na hora, o cinema eu sinto que trabalho uma cena de cada vez, degustando mais e mais do roteiro, mesmo sabendo que são cenas embaralhadas e não em ordem de acontecimento.

Agora na TV tem um ritmo que já estou acostumado, pegar roteiro, decorar cena e ir pro set. O preparo é quase que automático, você pensa no personagem e vai. O tempo da TV é diferente, são várias cenas gravadas no mesmo dia e que no dia seguinte serão outras várias cenas para serem gravadas. 

Resumindo, o Cinema tem minha vida nas mãos, mas sou ator e me sinto bem em qualquer ambiente, Teatro, TV ou cinema.

Já te acharam parecido com algum ator, artista ou celebridade?

Quando eu tinha o cabelo mais curtinho e castanho, me falaram que eu parecia muito com o Marcos Pigossi. Já me falaram que me pareço com o Miguel Falabella quando era Jovem também. 

Que personagem gostaria de interpretar?

Não sou um ator que recusa papéis, mas reservo minhas recusas para roteiros que reforcem racismo, homofobia e etc. Não vou compactuar com nada que promova retrocesso social através da arte. De resto, estou aberto a qualquer história, seja como vilão, personagem secundário ou qualquer outro papel desafiador.

Como ator gay, interpreto muito bem papéis heterossexuais no cinema sem nenhum problema, mas meu verdadeiro amor são os romances LGBTQIAPN+. Meu maior sonho é protagonizar um filme com essa temática e contribuir para sua representação no cinema.

Projetos futuros?

Final de 2023 e esse primeiro semestre de 2024, eu consegui dar alguns passos a mais na minha carreira, fiz bastante curso e treinamentos com alguns nomes que eu queria, (pretendo fazer mais sempre que der) e peguei alguns contatos e estamos conversando. Tem um curta que fui protagonista numa história de terror que estou aguardando sair, tenho um roteiro pré aprovado que se der certo gravo com minha Cia ainda esse ano. E outro curta metragem com uma história linda aguardando a resposta de um edital para ser executado esse semestre também. 

Equipe de Conteúdo Emplacar Você Produções

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