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Bate-papo com João Raphael Alves

No vasto e diversificado universo das artes cênicas, alguns nomes brilham com intensidade, conquistando palcos e corações com suas performances marcantes. João Raphael Alves, integrante da EVC Talentos e figura carimbada nos círculos teatrais desde 2013, é um desses talentos que vem deixando sua marca única no cenário artístico. De sua trajetória nos palcos aos reconhecimentos obtidos, passando por parcerias com diretores renomados e participações em projetos cinematográficos aguardados, há muito a explorar na jornada desse ator multifacetado.

Entre os anos de 2013 e 2020, João Raphael Alves foi uma peça vital nos núcleos artísticos do Armazém da Utopia e da Companhia Ensaio Aberto, ambos sob a direção magistral de Luiz Fernando Lobo. O que rendeu a indicação da Companhia ao prestigiado Prêmio Shell em 2019, na categoria de inovação.

Ao longo desse período frutífero, o ator deixou sua marca em uma série de espetáculos memoráveis, desde sua atuação como Advogado Thompson em “Sacco & Vanzetti”, até sua interpretação marcante como Calímaco em “A Mandrágora”, que o valeu uma indicação ao Prêmio de Humor em 2019. Sua dedicação e comprometimento também se refletiram em outras produções notáveis, como “10 Dias que Abalaram o Mundo” e “Luz nas Trevas”.

A formação teatral sólida de João Raphael, adquirida na ETE de Teatro Martins Penna, em 2013, proporcionou-lhe a oportunidade de colaborar com nomes de destaque no meio, como Carolina Virgüez, Eduardo Vaccari e Ana Brasil, enriquecendo ainda mais sua bagagem artística. Sua busca constante por crescimento e aprendizado também o levou a compartilhar o palco e as experiências com Gabriela Rosales, Antônio Amâncio, Roumer Canhães, Sérgio de Carvalho e outros mestres da arte cênica.

O ano de 2021 trouxe um marco significativo em sua carreira com a criação e realização da peça “72 Dias”, que foi agraciada pela Lei Aldir Blanc, demonstrando sua capacidade de se reinventar e se adaptar às diferentes formas de expressão artística. E enquanto o mundo aguarda ansiosamente pelo que João Raphael ainda tem a oferecer, já há um vislumbre de seu alcance além dos palcos, com participações especiais em projetos televisivos aguardados como “DOM 3” e “Arcanjo Renegado”, programados para chegar às telas em 2024.

Nesta entrevista exclusiva, teremos a oportunidade de mergulhar nas experiências, inspirações e conquistas do talentoso João Raphael Alves. Desde seus primeiros passos no teatro até seus planos futuros.

Conte um pouco do João o que gosta de fazer quando não está atuando?

Boa parte do tempo em que não estou atuando continuo trabalhando como artista. Pesquisando, lendo e assistindo filmes, séries e materiais sobre a área artística. Sempre fui apaixonado por teatro e cinema, então, acabo estudando e me entretendo ao mesmo tempo. Também pratico esportes diversos. Preciso estar com o corpo em atividade para equilibrar com a atividade mental. Musculação, corrida, frescobol e futebol são as principais atualmente. Mas de tempos em tempos gosto de variar. Natação, Muay Thai e dança também fazem parte das minhas atividades favoritas. Além de, como carioca da gema, curtir uma praia.

Como aconteceu o teatro na sua vida? Como e quando começa sua história com a arte?

Não me lembro quando começou minha história com a arte. Desde a infância sempre fui fã de cinema. Ao invés de passar muitas horas em outras atividades, eu passava horas assistindo filmes. Assim foi nascendo meu desejo de atuar. Já o teatro surgiu na minha vida no final do ensino médio. Após concluir meus estudos escolares, fui conhecer um grupo de teatro que ficava na escola de alguns amigos. Neste dia, um dos atores que estava ensaiando faltou. Substituí o ator naquele mesmo dia e nunca mais saí do teatro. Eu tinha 16 anos.

 O que mudou na sua vida e rotina quando decidiu viver deste universo? Precisou abrir mão ou interromper alguma coisa?

Pelo menos para mim o teatro sempre esteve relacionado com uma espécie de sacerdócio. Ao contrário do que sempre tinha escutado, a minha realidade como artista não era desregrada e boêmia. Claro que como um jovem estudante de teatro eu ia para festas com amigos. Frequentei festas e eventos em minha adolescência e juventude, mas nunca foi uma vida louca. Um ator utiliza o seu corpo como ferramenta de trabalho. Este corpo precisa estar treinado e disponível. Então, abri mão de muitas farras, rs. 

Cada papel é um recomeço. Um novo preparo, um novo estudo, um mergulho em uma nova identidade. Como é para você viver esse processo e como encara cada novo projeto?

Uma vez percebi que não tinha aproveitado o suficiente o processo de criação para um espetáculo. Desta vez, ficou evidente que a vida é feita de instantes e que precisamos aproveitá-los ao máximo, pois não voltam mais. Com tanto esforço e dedicação para viver da minha profissão, todos os processos precisam valer a pena. Então, procuro sempre me preparar com calma e atenção. Gosto de revisar projetos passados. Identificar pontos positivos dos processos e pontos negativos. Traçar as etapas que vão me ajudar a encontrar os caminhos necessários para o novo projeto e o que posso almejar como crescimento para esta nova etapa da carreira. 

Considera importante que o artista se recicle?  

Com certeza. O que fica parado envelhece e o que está em equilíbrio não gera curiosidade. O artista precisa ser curioso e transmitir essa inquietação ao público. 

Do seu primeiro trabalho para cá, como enxerga a sua evolução?

Hoje me vejo como um ator mais consciente do meu próprio discurso. Também das ferramentas das quais disponho para realizar meu trabalho e do que preciso ainda desenvolver para executar meu trabalho da maneira que desejo. De modo geral, acredito que a minha evolução está em ser mais mestre de mim mesmo. Nós sempre podemos e devemos aprender com nossos mestres e companheiros de ofício, mas acredito que a liberdade vem de descobrir uma capacidade de ser mestre de si mesmo.

Fale um pouco sobre o período que esteve dedicado nos núcleos artísticos do Armazém da Utopia e Companhia Ensaio Aberto, sob direção de Luiz Fernando Lobo?

A verdade é que sou um artista forjado pelas minhas trajetórias na Companhia Ensaio Aberto e Armazém da Utopia. É uma companhia especialista em teatro político, a partir dos estudos de Brecht, Meyerhold e Marx, principalmente. Trabalhei lá por 7 anos, entre 2013 e 2020. Foi um período de intenso movimento político no país, com as jornadas de 2013, o impeachment de 2016, o assassinado da vereadora Marielle Franco e a ascensão da extrema direita no país. Isso tudo combinado com a criação de espetáculos como Sacco & Vanzetti, 10 Dias que abalaram o mundo, Luz nas Trevas e A Mandrágora. Pude exercitar como o ator utiliza o seu ofício como uma função social. Estudar intensamente filosofia, política e história para poder argumentar e propor a transformação do mundo através da arte. Foi imprescindível para mim como artista e cidadão.

Como foi o desafio de ser idealizador e realizador do projeto 72 dias contemplado pela lei Aldir Blanc?

Foi realmente um desafio. Neste projeto atuei como idealizador, coordenador geral, coordenador artístico, roteirista e ator. Foram 5 atrizes, 6 atores e 2 editores. O projeto consistia em publicar diariamente, entre 18 de março e 28 de maio de 2021 (durante a pandemia), vídeos curtos que contariam a história da Comuna de Paris, de 1871. Foi uma grande maratona para todos nós. Foi também minha primeira experiência profissional para além dos trabalhos como ator e na Ciência do Novo Público, na Companhia Ensaio Aberto. Então foi uma oportunidade enorme de experimentar novas emoções como artista. Senti uma satisfação imensa em reunir e conduzir o grupo, e também em desempenhar tantas funções e comprovar que teríamos capacidade de realizar esta empreitada. É claro que foi uma dificuldade enorme assumir tantas funções e que senti que faltou tempo suficiente para me dedicar mais ao trabalho como ator, em 72 Dias. Mas mesmo assim para mim foi uma grande conquista realizar este projeto.

Já no audiovisual você esteve em produções como DOM 3 e Arcanjo Renegado 3. Como foi a experiência?

São minhas primeiras (espero que de muitas) experiências no audiovisual. Foram participações pequenas, gravadas em 2 ou 3 dias. Como ator formado e experienciado em teatro, pude perceber as grandes diferenças de linguagem e processo. Mesmo assim, fiquei extremamente instigado e motivado para futuras oportunidades. Já era fã das duas séries e pude trabalhar com profissionais que admiro. Espero estar cada vez mais envolvido e ter mais oportunidades nas produções do audiovisual brasileiro. Sou um espectador assíduo e admirador da qualidade dos artistas e produtos nacionais.

Consegue escolher o que mais gosta de fazer entre teatro, cinema e TV? De que forma enxerga essas três práticas na sua vida e como conciliar tantas atividades?

Acho que vou poder responder melhor esta pergunta no futuro, quando tiver mais experiências em cinema e TV. Mesmo assim, acho improvável que vá eleger um preferido. No teatro, temos uma proximidade com o público é um processo mais autoral e artesanal para o ator. Em cinema e TV podemos falar para públicos enormes, mesmo que à distância. Acredito que são paixões que não precisam competir entre si.  Para conciliar tantos trabalhos e paixões é importante estar todos os dias em atividade. Crescendo um pouco mais como artista a cada dia e sempre pronto para as oportunidades que surgirem.

Já te acharam parecida com algum ator, artista ou celebridade?

Várias vezes rs.. é para citar algum?? Fiquei tímido rs. Com artistas bem distintos, em fases bem distintas.. às vezes por conta da caracterização de algum personagem ou outro. Mas assim de cabeça me recordo de: Gael García Bernal, Vladimir Brichta, Johnny Depp, André Gonçalves, Márcio Garcia e Marcos Palmeiras.

Que personagem gostaria de interpretar?

Adoro séries de Narcotráfico. Adoraria interpretar algum policial engajado ou mesmo algum narcotraficante latinoamericano. Também me identifico com causas e histórias indígenas e nordestinas. Em um universo mais teatral, Don Juan, de Moliére.

 Projetos futuros?

Sim, muitos! Pretendo estar muito em breve em projetos de TV e cinema, mas também sigo estudando e pesquisando os teatro documentário e político e também o teatro de máscaras.

 Equipe de Conteúdo Emplacar Você Produções

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