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Bate-papo com Leandro Austin

É com grande prazer que apresentamos uma entrevista exclusiva com Leandro Austin, um talentoso ator da agência de atores Emplacar Você, no nosso blog. Vamos descobrir mais sobre sua jornada, suas inspirações e o que o motiva a continuar brilhando nos palcos e nas telas. Nesta entrevista, ele compartilha suas experiências e desafios.

Conte um pouco do Leandro. O que gosta de fazer quando não está atuando? 

Gosto muito de ler e meditar. Também tenho como hobbie o estudo de astronomia e astrologia e sou praticante de Crossfit há mais de 4 anos. Durante muitos anos, fui passista de escola de samba e parte da minha rotina era dividida também com agremiações como Vila Isabel, Império Serrano, Portela e Mangueira.

Como aconteceu o teatro na sua vida? Como e quando começa sua história com a arte?

O primeiro contato com o teatro foi quando uma trupe teatral se apresentou no meu colégio ainda no primeiro grau, na sétima ou na oitava série. Eu tive a oportunidade de ajudá-los na produção e acompanhar alguns ensaios. Aquela vivência mexeu comigo. Mas o Leandro ator nasce no 2º grau, na matéria eletiva de teatro. Ali eu tive a oportunidade de pegar um texto de Ariano Suassuna, O Rico Avarento, e adaptá-lo para o formato da nossa avaliação. Além de fazer o protagonista Tirateima, eu dirigi e co-produzi o espetáculo com os colegas de grupo. Isso em 2001. Depois disso, eu só voltaria a buscar o teatro no ano de 2007 num curso de férias da Estácio e, posteriormente, cursos de interpretação para TV onde recebi excelentes feedbacks e fui investir não só em mais cursos livres, mas também na formação profissional, que veio em 2010. Nessa época, comecei a ter contato com as técnicas de improviso teatral, área que eu me especializei através do tempo. E que me fez descobrir que além de ator, eu também era comediante.

O que mudou na sua vida e rotina quando decidiu viver deste universo? Precisou abrir mão ou interromper alguma coisa?

Durante muitos anos, eu tive que conciliar a vida de CLT como Analista de Sistemas, Gerente de TI e Administrador com a carreira artística. Desde 2019, decidi abrir um maior espaço e ter como foco principal a carreira artística. Mas muitos foram os sacrifícios. E ainda até os dias de hoje. No passado, eu larguei o mundo do samba, por exemplo, para estudar teatro.

Cada papel é um recomeço. Um novo preparo, um novo estudo, um mergulho em uma nova identidade. Como é para você viver esse processo e como encara cada novo projeto?

Pode parecer clichê, mas encaro cada novo papel como um filho. Com o mesmo amor e cuidado, mesmo que seja apenas uma participação. Também penso ser uma oportunidade imensa para auto descoberta e ampliação das minhas possibilidades como ator. Além das costumeiras técnicas de decupagem de cena, que dão pistas da personagem, procuro fazer o máximo de perguntas a autores/diretores e faço um trabalho intenso de improvisação para explorar o máximo das possibilidades (é que o que eu faço também com alunos e elencos que eu preparo).

Considera importante que o artista se recicle?

Fundamental. E não somente em relação à técnica, mas a tudo que envolve o ofício.

Do seu primeiro trabalho para cá, como enxerga a sua evolução?

Eu acredito que tenha me tornado um ator muito mais versátil, que era exatamente o meu desejo desde o início. Quando comecei na profissão, tinha um certo receio de fazer um tipo único ou capacidades muito limitadas. Mais uma vez, o improviso foi me mostrando tudo que eu podia ser, mesmo quando não estava num produto ‘convencional’ de artes cênicas, já que através dele eu sempre pude representar muitos papéis em questão de minutos.

Você atuou no curta-metragem ‘O Ladrão e o Leitor’ com o qual ganhou o prêmio de melhor ator no Festival Beta de Cinema em 2023, como foi a sensação de ganhar este prêmio?

Recebi como um sinal de que eu estava no caminho certo! Porque, embora eu tivesse muito orgulho desse trabalho e tivesse certeza da qualidade dele, o mesmo concorreu com 167 filmes inscritos e 60 selecionados. Nesse sentido, foi uma surpresa muito feliz.

Como foi  participar da série “Pablo e Luisão” na TV Globo?

Uma alegria imensa estar numa série idealizada por Paulo Vieira, um dos comediantes mais relevantes do país atualmente e que tem uma linha de humor na qual eu acredito. Foi apenas uma participação, mas me permitiu contracenar com Aílton Graça – outra referência pra mim – e ver de pertinho o trabalho de tantos outros artistas incríveis, como Dira Paes, Otávio Muller e o próprio Paulo Vieira.

Como foi o desafio de participar dos filmes Nada Além de Flores e Entre Folhas?

“Nada Além de Flores” é uma beleza de filme que tem toda a história focada numa única personagem/atriz. Então, eu sou praticamente o único outro rosto que aparece e meu papel é aquele que dá a dimensão do tamanho do problema na qual a protagonista e o mundo estão metidos. Esse filme tem um gosto especial também pelo fato de eu ser o primeiro ator a ser convidado para ele e depois ainda fui convidado para produzir o elenco.

Já o “Entre Folhas Esvoaçantes e Sendo uma Delas” gerou um aprendizado enorme por ser uma espécie de meta filme, com outras camadas de realidade dentro e trazendo a dança como elemento central.

Você é campeão brasileiro e sul-americano de improvisação teatral. Com apresentações em Buenos Aires, Mendoza, Santiago, Bogotá, entre outras. Conte um pouco dessa grande conquista.

Logo quando conheci o universo da improvisação teatral e o chamado teatro-esporte, meu grupo e eu começamos a ser convidados para festivais nacionais e internacionais, o que me permitiu ter contato com a comunidade internacional desse seguimento. Nem mesmo a barreira do idioma num primeiro momento foi capaz de impedir que levássemos nosso jeito único de interpretar e a corporeidade brasileira. Desde os primeiros festivais, o meu trabalho e dos meus grupos pareceu levar um frescor para esses diversos eventos. Uma conquista levou a outra conquista e, além de todo o aprendizado, sou muito orgulhoso da rede internacional que eu me conectei. Faço amigos atores em todos os cantos do mundo!

Além disso, foi campeão do primeiro reality de improviso do Brasil. Como foi esse processo?

Quando o inCena anunciou o festival/produção do reality, nós pensamos: a gente tem que estar lá! Eu faço parte de uma cia de teatro chamada Cachorrada Impro Clube, temos diversas participações e vitórias em festivais no Brasil e no exterior, mas nós sabíamos que esse teria um gostinho especial por ser tratar também da produção de um reality e reunir tantos artistas relevantes da cena carioca. Foram algumas semanas lotando o Teatro Cândido Mendes em Ipanema e o resultado foi a nossa vitória com cenas que nos orgulham muito.

No teatro, além de ter atuado em mais de duas dezenas de espetáculos (entre eles, “Os Sete Gatinhos” de Nelson Rodrigues). Em 2019, foi protagonista do espetáculo “A Mente Capta” de Mauro Rasi, desenvolve pesquisa sobre o teatro negro, improvisação e afrocentricidade. Conte mais sobre sua relação com esses projetos.

Os 7 Gatinhos eu tive a oportunidade de fazer duas vezes e ambas como o protagonista Noronha. A primeira foi no Tablado, com direção de Lionel Fischer e Julia Stockler e a segunda, numa pequena temporada e direção de Régis de Sori. Essas vivências despertaram em mim um grande interesse pelo autor, o qual eu procurei me aprofundar mais, seja lendo ou assistindo outras peças.

Na Mente Capta eu pude fazer uma mulher, a protagonista Dra. Rosa. Foram muitos meses em cartaz, onde eu tinha que chegar mais cedo ao teatro para maquiagem e figurino. Uma grande comédia de um ator que é referência pra mim.

Ao longo da carreira, fui naturalmente desenvolvendo pesquisa sobre o teatro de improviso e sobre o teatro negro (inclusive a partir do meu próprio corpo e referências familiares). Essas pesquisas culminaram, durante a minha pós-graduação em Artes Cênicas, no artigo Afroimanência Performática.

Tive a oportunidade de apresentá-lo através de uma palestra para a UNIRIO/UFRJ no Festival Ecologia dos Saberes em 2021. Mais: esse artigo deu origem a uma oficina de teatro. Essa investigação me trouxe um conceito que me é muito caro e que eu desenvolvo constamente em mim e nos meus alunos: a verdade cênica. Ela é o que pode haver de melhor numa interpretação tanto dramática quanto cômica e é isso que me faz ter certeza que um bom ator deveria transitar muito bem entre o drama mais profundo e a comédia mais boba. Essa dictomia não precisa existir.

Felizmente, o mercado brasileiro começa a rever seus preconceitos e hoje ninguém duvida da capacidade de emocionar de um Eduardo Sterblitch, por exemplo. Tenho feito esse trabalho também no Arteiros, importante instituto da Cidade de Deus – Rio de Janeiro – onde sou professor e tenho resultados surpreendentes.

Consegue escolher o que mais gosta de fazer entre teatro, cinema e TV? De que forma enxerga essas três práticas na sua vida e como concilia tantas atividades?

Eu acredito que o cinema seja a minha grande paixão. Além de cinéfilo, eu adoro a ideia de algo ser preparado com extremo cuidado, alcançarmos o ápice de um entendimento e de uma emoção e isso ficar para sempre. Paradoxalmente, tenho uma carreira baseada no teatro de improviso que é o oposto disso, é o mais efêmero de todos. Nem mesmo o texto permanece. E eu também adoro. Já a TV me encanta com a ideia de “fábrica de arte”, esse desafio de produzir muito e não perder o contato com a sensibilidade artística. Eu entendo a vida através de ciclos. Dessa forma, é possível conciliar pausando projetos de teatro toda vez que um projeto do audiovisual nos convoca. O teatro, ao meu ver, é o trilho permanente do ator.

Já te acharam parecido com algum ator, artista ou celebridade?

Eventualmente, falam do Will Smith. Mas eu não chego a concordar.

Que personagem gostaria de interpretar?

O Coringa, um personagem bicheiro meio excêntrico, um personagem que tivesse dupla personalidade e fosse, ao mesmo tempo, um homem e uma mulher e qualquer personagem já feito pelo Christoph Waltz (sobretudo Hans Landa de Bastardos Inglórios) e pelo Jim Carrey (especialmente o Máscara).

Projetos futuros? 

A partir do final de setembro, participarei de um projeto de festival de improviso em dupla na Casa da Comédia com meu aluno e amigo Iago Pires. Essa participação será o estopim do desenvolvimento de um espetáculo criado a partir de cenas de improviso e que terá como tema principal a masculinidade.

Equipe de Conteúdo Emplacar Você Produções

 

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