É com grande prazer que apresentamos uma entrevista exclusiva com a atriz Tyller Antunes, uma talentosa artista da agência de atores Emplacar Você, em nosso blog. Vamos descobrir mais sobre sua jornada, suas inspirações e o que o motiva a continuar brilhando nos palcos e nas telas. Nesta entrevista, ela compartilha suas experiências e desafios.
Conte um pouco de você. O que gosta de fazer quando não está atuando?
Eu sou a Tyller Antunes, muitos me chamam pelo apelido “Ty” (tai). Sou do signo de Peixes e tenho 4 gatos. Sou vegetariana e estou em contato com a arte desde a infância. Cresci no interior de SP. Sou uma mulher trans. Além de atriz e cantora, também sou professora de inglês há alguns anos, algo que gosto muito devido à minha paixão por música. Gosto de estar com minhas amigas, seja em rolês caseiros ou bares. Também gosto de viajar quando tenho a chance, para conhecer lugares diferentes e pessoas. Gosto de tocar violão, ver filmes e séries em inglês com legendas em inglês, ficar com meus gatos e cozinhar em casa. Amo nadar; sempre que tenho a chance de estar em contato com água, fico muito feliz. Gosto de fazer as pessoas rirem, acredito que essa seja uma característica forte minha.
Como aconteceu o teatro na sua vida? Como e quando começa sua história com a arte?
Comecei no teatro bem nova, aos 12 anos. No interior de SP, encontrei a Cia Una D’art e pedi para participar. O diretor Joaz Campos me deixou, e no começo, eu apenas observava e já amava, até que de fato me tornei parte da companhia. Mas, antes disso, minha primeira peça teatral foi aos 8 anos, na 4ª série, quando interpretei meu primeiro papel: um ALFACE. Era uma peça infantil que ensinava a importância de comer bem e dos alimentos. Lembro de voltar para casa e contar à minha mãe: “Já sei o que vou ser quando crescer: ARTISTA”. Apesar de ela não ter dado muita importância na época, cá estou hoje. Ainda no interior de SP, além do teatro, fiz aulas de violão clássico e canto coral no projeto Guri da cidade, o que foi uma delícia.
Também fiz balé clássico, jazz e street dance na Cia de Dança da Nadja, que foi uma mestra enquanto estive lá. Foi nessa companhia de dança que, aos 19 anos, fiz meu primeiro trabalho profissional depois de tirar minha DRT por experiência em SP. No interior, também fui vocalista de uma banda de pop rock, o que foi sensacional. Infelizmente, não tive uma boa relação com meus pais e familiares à medida que minha mulheridade foi aflorando, o que me fez ir embora aos 16 anos. Então, voltei para SP e comecei a faculdade de Letras aos 17 anos. Depois, me profissionalizei como atriz, fazendo cursos técnicos de teatro musical e artes dramáticas. Aos 19, tirei minha DRT por experiência.
O que mudou na sua vida e rotina quando decidiu viver deste universo? Precisou abrir mão ou interromper alguma coisa?
No decorrer da minha carreira, fiz coisas incríveis, além de viagens. Hoje, estou no elenco de duas peças importantes e grandes, tenho um EP gravado. Foi muita luta, mas gosto de pensar nos lugares que alcancei. A rotina de um artista é sempre uma loucura, muito suor, não dá para romantizar, mas é bom estar viva e conseguir fazer o que amo.
Cada papel é um recomeço. Um novo preparo, um novo estudo, um mergulho em uma nova identidade. Como é para você viver esse processo e como encara cada novo projeto?
Antes de minha mulheridade aflorar, tudo parecia mais tranquilo. (rs) Hoje, preciso me provar mil vezes mais. Me considero uma artista bastante dedicada, gosto de me fazer profissional e me engajar em cada etapa de cada processo. Sou responsável e amo chegar no horário ou antes, para me preparar e fazer tudo com calma e tranquilidade. Acredito que sempre encaro os projetos com unhas e dentes, sempre tentando separar o joio do trigo para não viver como as personagens, mas existe um prazer imenso em dar vida a elas e ver o trabalho nascer. Gosto de ser responsável nesse lugar.
Considera importante que o artista se recicle?
Considero importante, sim, mas preciso pensar muito sobre meus recortes e sobre o social como um todo. Sabe aquele famoso “fazer o melhor com o que tenho em mãos”? Então, sim, se reciclar é importante.
Do seu primeiro trabalho para cá, como enxerga a sua evolução?
Nossa, a vida é um imenso aprendizado. Em cada área, se exige uma postura, uma energia e a disponibilidade de encarar mudanças e desafios diversos. Consigo enxergar minha evolução de maneira clara. (rs) Para pessoas como eu, o mundo e as pessoas sempre nos colocam medos e não acreditam em nós. Hoje, acredito que sou mais destemida para encarar trabalhos, e isso é uma evolução. Acreditar mais em mim mesma e no meu potencial.
Fale um pouco da sua experiência nos espetáculos “Alienista” e “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”.
“Brenda Lee e o Palácio das Princesas” apareceu em um momento de medo, terror, angústia, etc., que foi a pandemia. É um espetáculo que fala sobre humanidade, sobre acolhimento, respeito ao próximo, amor e afeto. Ele mudou minha vida, no sentido de me desafiar como artista. Somos 6 mulheres trans no primeiro musical desse tipo a ser realizado em SP. Só nós sabemos a potência disso, vivendo no país que mais nos mata. “Brenda Lee” foi um misto de sensações e sentimentos. Fazer um alface foi bem mais fácil. (rs) Agora, lidar com as emoções de uma personagem que se correlaciona com quem eu sou na vida real exige muita técnica, respiro, estudos. Não foi fácil! A preparação das atrizes foi intensa. Depois de pronto, parece tranquilo, mas foi desafiador. E com esse espetáculo vieram reconhecimento, prêmios e outros trabalhos. Sou muito grata ao universo por me colocar nesse trabalho.
Já a peça “O Alienista” foi um desafio maior, por eu ser a única pessoa trans no elenco. Desde as audições, tive que mostrar para que vim. Os ensaios foram intensos, pois é uma peça pesada e densa. Lembro de voltar para casa de alguns ensaios e chorar muito por conta de atravessamentos e gatilhos. Tive que lutar muito pelo papel de destaque que conquistei, o de ser a melhor amiga da protagonista e dona da cia. (rs) Mas hoje respiro e sei que fiz um excelente trabalho com eles. Também sou grata ao diretor Gustavo Paso por ter me notado, reconhecendo meu talento e potencial.
Como cantora, você tem um EP musical distribuído em todas as plataformas de streaming. Como surgiu essa oportunidade?
Eu sou compositora, sempre gostei de escrever músicas. Na verdade, a música apareceu antes do teatro, pois sempre cantei. Com o tempo e as dificuldades da vida, parei de compor. Mas, à medida que minha mulheridade aflorou, senti que precisava escrever sobre isso. Antes da pandemia, comecei a compor o EP Borboleta, e, com a força do meu produtor musical, Valter Zagato, que tocava violão para mim quando fiz barzinhos em Sorocaba, o EP nasceu. Não foi fácil, mas eu sempre quis lançar um EP que falasse sobre algo que fizesse sentido para mim e que trouxesse conforto a quem o ouvisse. Tenho muito orgulho do meu EP. Mas eu criei essa oportunidade, fui atrás para que ele nascesse.
Consegue escolher o que mais gosta de fazer entre teatro, cinema e TV? De que forma enxerga essas três práticas na sua vida e como conciliar tantas atividades?
Eu gosto mais de teatro por ser meu berço. As oportunidades em cinema e TV não surgiram da mesma forma que no teatro. Então, não posso escolher outro que não o teatro. Mas quero trabalhar com o que amo: atuar, cantar, fazer arte. Fiz alguns comerciais de TV e algumas coisas no cinema. Sei que me dou bem nesses dois campos, mas palco, teatro, ao vivo, eu arraso. Concilio essas atividades fazendo uma de cada vez, até porque as oportunidades não surgem com tanta frequência. Assim, minha agenda está sempre aberta para fazer um pouco de cada. Se algum dia eu receber muitos convites para trabalhar, vou precisar me organizar para escolher o que for melhor. (rs)
Que personagem gostaria de interpretar?
Essa pergunta é interessante… (rs) Gostaria de interpretar uma protagonista mocinha que se lasca, mas no final se dá bem. Gostaria de interpretar algo relacionado à biografia, pois exige muita intensidade. Gosto muito de caracterização, então algo em um filme de terror seria sensacional. Uma vilã bem cínica também. Gostaria de interpretar uma mãe ou aquela personagem de comédia ácida e esperta. Bom, tenho vontade de fazer muita coisa. Uma policial, delegada, detetive trans… já pensou? (rs)
Projetos futuros?
Novas temporadas de Brenda Lee e Alienista. Comecei a escrever uma peça de teatro com uma amiga, também atriz. Quero aprender mais sobre editais e lançar um show do meu EP Borboleta.
Equipe de Conteúdo Emplacar Você Produções