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Bate-papo com William Rosendo

É com grande prazer que apresentamos uma entrevista exclusiva com William Rosendo, um talentoso ator da agência de atores Emplacar Você, no nosso blog. Vamos descobrir mais sobre sua jornada, suas inspirações e o que o motiva a continuar brilhando nos palcos e nas telas. Nesta entrevista, ele compartilha suas experiências e desafios.

William, como aconteceu o teatro na sua vida ? Como e quando começa sua história com a arte?

Digo que não escolhi a arte, mas sim que a arte me escolheu. Fui uma criança que teve de amadurecer muito cedo porque fui privado da infância na sua totalidade. Fui um menino que tinha bronquite crônica, e praticamente todos os meus finais de semana eu passava dentro de hospitais tendo que ser submetido a intervenções médicas e internações, já que em algumas dessas ocasiões quase cheguei a óbito. Além disso, em uma dessas vezes em que estive no hospital, fui submetido a aplicação de uma injeção para abrir rapidamente os brônquios, e essa agulha atingiu um dos nervos de minha perna direita, me fazendo adquirir uma deficiência física, que fez começar na minha vida uma nova trajetória.

Fisioterapias, cirurgias, e o pior, a dificuldade da locomoção e não poder brincar com as outras crianças me fizeram enxergar o mundo como um lugar de dor e solidão.

Nesse momento, aos treze anos, me vi perguntando ao meu pai o porquê tudo era tão cinza. Nesse momento, que eu chamo de “O meu subsolo” – como diria Dostoievsky – conheci a Cristo, por livre e espontânea vontade fui até um altar em uma igreja buscar Aquele de quem tanto ouvia falar que curava as dores, e então, fui curado da bronquite, e colocado em mim um propósito.

Aos dezesseis anos, eu era atleta em natação, carreira que optei em não seguir, mas que queria apenas provar pra mim mesmo que eu era capaz. Decidi mudar a minha situação, me tornando minha melhor versão. Transitei para a musculação e venci a deficiência, hoje se tornando um detalhe, e como muitos dizem: Um estilo do William Rosendo.

Cheguei na arte porque eu sabia que eu tinha muito o que dizer ao mundo, pois eu queria ser a criança que eu não pude na minha infância. E não me arrependo nenhum dia sequer.

O que mudou na sua vida e rotina quando decidiu viver deste universo? Precisou abrir mão ou interromper alguma coisa?

Quando mudamos de direção para tomar um caminho na estrada, deixamos para trás a opção que nos levaria para outro, e comigo não foi diferente. Essa pergunta me faz lembrar que o limiar da minha decisão de ser ator foi quando ganhei uma bolsa integral para estudar cinema na universidade, e quando fui assinar a inscrição, virei as costas para a faculdade, pois o curso me privaria de me dedicar ao trabalho e assim, ajudar minha família. Quando ingressei no meu primeiro emprego, usava metade do meu salário para pagar o curso de artes cênicas, então de certa forma o sacrifício me fez sim abrir mão de muitas coisas. E posso dizer que escolha maravilhosa eu fiz de me tornar produto e não produtor, pelo menos por hora.

Cada papel é um recomeço. Um novo preparo, um novo estudo, um mergulho em uma nova identidade. Como é para você viver esse processo e como encara cada novo projeto?

Particularmente eu aprecio mais o processo do que a gravação, ou a apresentação em si, pois o processo é encantador. Pegar um texto, começar a questioná-lo de todas as formas, estudar um ser humano a fundo e suas ambições, para a seguir passar a andar, falar, me comportar como ele, e por fim, assumir seus conflitos e seus objetivos. Acredito que isso é encontrar a verdade, porque se torna verdade pra você. Cada novo projeto é um novo nascimento, um lugar novo no mundo que irei visitar, e reproduzir com verdade. E claro, acima de tudo, me diverti pra caramba!

 Considera importante que o artista se recicle?

O artista não tem data para se reciclar, estamos aqui falando de vida humana, isso requer constante estudo, prática, vivência. O ator é movimento, se reciclar faz parte da rotina.

 Do seu primeiro trabalho para cá, como enxerga a sua evolução?

Evolução na arte cênica é uma pergunta complexa. É claro que a técnica evolui a cada trabalho que fazemos, mas a verdade da cena, a verdade da personagem, ela só se dá com a evolução pessoal, humana. Posso dizer que vejo uma curva de evolução pelo caminho que trilhei na minha carreira como ator, pelos livros que li, e como eles me mudaram e me tornaram mais sensível para as coisas e para o mundo, pelas viagens. Material humano é a evolução do ator. Tenho um grande amigo diretor que diz sempre mim: Quer ser um bom ator? Leia o que é bom, pois você é aquilo que você lê.

Consegue escolher o que mais gosta de fazer entre teatro, cinema e TV? De que forma enxerga essas três práticas na sua vida e como concilia tantas atividades?

Cada uma é uma beleza diferente, e com cada uma eu tenho um carinho especial. O tablado é minha casa, onde comecei, mas a sétima arte, essa me encanta dos pés à cabeça. Muitos amigos que trabalharam comigo já me disseram que possuo uma densidade para o cinema, e eu concordo. O teatro é expandido, no cinema eu deixo tudo minucioso. Posso dizer que se me aparecesse agora uma oportunidade para Teatro e para Cinema, certamente escolheria o Cinema.

Além de tudo isso, também trabalho com o mercado corporativo, e vejo como meu laboratório diário. Ir para a Lavoura, andar no meio da roça, me trouxe material humano, trabalhar com tecnologia me trouxe material humano. Cada grupo de pessoas com suas particularidades, e eu apenas ali, roubando características para usar em meus personagens, pois o ator é assim, ele rouba características.

Como foi o desafio que recentemente lhe rendeu o prêmio da ABRASCI (Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura)?

O primeiro prêmio a gente nunca esquece, não é? Esse veio por conta de um filme que fizemos, que na verdade ainda está em produção, que foi um trabalho inovador, unindo o cinema com o Teatro, em uma tecnologia chamada XR4D, onde o filme foi rodado com cenários projetados em painéis de LED. Fui reconhecido pelo trabalho, e fui nomeado Comendador na Academia. Uma honra. Espero que seja o primeiro de muitos.

Projetos futuros?

A arte me levou para vários lugares. Hoje escrevo peças de teatro, estou terminando meu primeiro romance também. É como eu digo: Do artista o papel é amigo. Quero poder interpretar um personagem com profundidade, fazer aquilo que sei fazer, entrar em cena. Tenho que ser honesto, esse é o meu projeto.

Equipe de Conteúdo Emplacar Você Produções

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